quarta-feira, 6 de março de 2013

Política: Economia Nacional



Economia brasileira: destrinchando o PIB de 0,9% em 2012
     Na semana passada tivemos a divulgação do tão aguardado PIB (Produto Interno Bruto) do ano de 2012, sem nenhuma surpresa em relação à fragilidade da economia local. O PIB de 2012 mostrou expansão de 0,9%. Lembramos somente que em determinado momento do ano, quando uma instituição internacional citou que o PIB deveria crescer 1,5%, o ministro Mantega classificou a estimativa como “piada de mau gosto”.

     Pois bem, pela ótica da produção, o PIB de 2012 foi afetado pelo encolhimento de 2,3% do segmento agropecuário, queda na indústria de 0,8% e encolhimento da indústria de transformação de 2,5%. Salvou-nos a construção civil, com expansão de 1,4% e eletricidade e gás com +3,6%. O segmento de serviços foi o “grande destaque”, crescendo 1,7%, e dentro dele serviços de informação com +2,9%.

     Pela ótica da demanda, o grande destaque positivo ficou por conta do consumo do governo com alta de 3,2%, maior ainda que o consumo das famílias com expansão de 3,1%, isso mesmo depois de todos os incentivos de desonerações, reduções de impostos e crédito abundante e mais barato, sugerindo expansão do endividamento familiar.

     O destaque negativo (e põe negativo nisso) ficou por conta do encolhimento dos investimentos em 4%. Nesse ponto, temos que destacar que os investimentos em relação ao PIB declinaram de 19,3% em 2011 para 18,1% em 2012, enquanto a poupança caiu de 17,2% para 14,8%.

     Ora, a formação bruta de capital fixo e, portanto, os investimentos, são absolutamente essenciais para preparar o crescimento futuro. Em suas explicações sobre o PIB, o ministro Mantega reconheceu a fragilidade do ano, colocando a culpa na desaceleração econômica global e preferindo mostrar que o último trimestre do ano já indicou a retomada da economia brasileira.

     Esqueceu-se de falar que os estímulos ao consumo não exercerão mais a força do ano anterior e o progressivo aumento dos impostos até meados do ano vão produzir retrações no segundo trimestre, junto com o elevado endividamento. Também esqueceu-se de citar que países concorrentes nossos tanto na América Latina como no mundo cresceram bem mais, incluindo aí o grupo dos BRICs.

     Citamos o México, com crescimento em 2012 de 3,9% e inflação girando abaixo de 4%. Passou por cima também que perdemos a posição de sexta maior economia do mundo. Em toda América Latina, só conseguimos crescer mais que o Paraguai.

     É bem verdade que em 2013 deveremos ter safra recorde de grãos. Porém, como escoar a produção de forma eficiente com nossas estradas caóticas e portos congestionados pela burocracia estatal? Não tem jeito. O PAC terá que salvar o PIB de 2013, apesar do enorme atrasado das obras.
De outra feita, com a inflação girando muito próxima do teto da meta, não há como utilizar a política monetária para estímulos adicionais. Aparentemente, a taxa básica de juros (Selic) chegou ao piso, e daí para frente o caminho será de alta ou estabilização forçada.

     A presidente Dilma quer que a taxa de investimento expanda até 25% do PIB. Só que isso não se faz por mera vontade. A atuação dos bancos estatais (destaque para o BNDES) também tem limites e seduzir os empresários privados e estrangeiros demanda algum tempo e ações contundentes de demonstração do interesse em parcerias.

     Não há de ser somente com discursos homogêneos das autoridades que conseguiremos agregar o segmento privado aos esforços de investimento. É bem verdade que o governo deu um passo atrás nas concessões, tentando melhorar retornos absurdamente baixos.

     Resultado disso tudo, o ministro Mantega volta a divulgar suas projeções de que o país crescerá entre 3,0% e 4,0% em 2013, enquanto as projeções do mercado seguem cedendo, agora no patamar de 3,09%, segundo a mais nova pesquisa Focus do Bacen.

     Lembramos ainda que o processo sucessório antecipado em nada ajuda o país, já que investimentos em infraestrutura, absolutamente requeridos, demandam tempo para surtirem efeito.
Nesse ponto seria oportuno lembrar frase de James Freeman Clarke, que dizia: “Um estadista pensa nas próximas gerações. Um populista nas próximas eleições”.

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